Em live, dirigentes de universidades públicas e epidemiologista da Fiocruz frisam melhora nos dados da pandemia e necessidade de máscaras e vacinação.
Matéria da Ascom, Gabinete da Reitoria.
Live reuniu gestoras de universidades e autoridade da Fiocruz para debater desafios para o retorno presencial.
Imagem: Reprodução/UnBTV
A volta ao ensino presencial, neste momento, é uma vitória da ciência. Essa foi a conclusão apresentada pelos participantes da live Os desafios do retorno às atividades presenciais nas universidades, parte do projeto de webinários O Futuro em tempos de pandemia: vida, sociedade e ciência. Os prejuízos acadêmicos após dois anos de ensino remoto, a importância de medidas não farmacológicas, a escassez orçamentária e o arrefecimento da pandemia foram os principais temas discutidos pelas médicas e reitoras Denise Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Lucia Pellanda, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), e pelo epidemiologista Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O encontro ocorreu na noite de terça-feira (22) e foi mediado pela reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão.
Lucia Pellanda apresentou um panorama do momento atual da pandemia e as lições desse período. “Precisamos de vacina e medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, e pensamento coletivo”, disse. A reitora da UFCSPA destacou que um dos maiores aprendizados da pandemia foi a importância de evitar a transmissão respiratória, que inclui uso de máscara, ventilação e distanciamento. “Ao ar livre, na praia, não precisamos tanto de máscaras porque temos duas variáveis importantes, a ventilação e o distanciamento. Mas em um ambiente fechado, sem distanciamento, precisamos usar máscara.”
“Nós vivemos um momento em que a circulação do vírus está diminuindo, a partir de todos os indicadores que podemos verificar. O Brasil é um grande mosaico e sabemos que existem localidades com cenários diferentes. Mas há, indiscutivelmente, uma melhora”, afirmou Rivaldo Venâncio, da Fiocruz. Para ele, além da situação epidemiológica favorável, uma série de razões justificam a volta ao presencial nas universidades, como reestabelecer o pleno desenvolvimento de projetos de pesquisa, os laços de convivência entre docentes, estudantes e colegas de trabalho, proteger o patrimônio e reconstruir as redes de proteção social.
Para a reitora da UFRJ, as universidades e instituições de ciência orgulharam o Brasil pelo trabalho desenvolvido durante a pandemia. Mas, agora, os prejuízos acadêmicos precisam ser sanados com o retorno às atividades presenciais. “Neste momento nós precisamos retomar porque são 24 meses de ensino remoto e isso não é o ideal. Nós sabemos que o aprendizado precisa da presencialidade”, destacou Denise Carvalho, que apontou diferenças entre a educação a distância praticada há anos nas universidades e o ensino emergencial remoto.
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Denise explicou que agora não é necessário ter distanciamento dentro das salas de aula, mas não pode ocorrer superlotação, com estudantes sentados no chão, por exemplo, acima da capacidade máxima do ambiente. “É fundamental estar de máscara e manter a capacidade permitida das salas de aula”, ressaltou.
Ela contou que não houve surto após o retorno de estudantes e docentes do Colégio de Aplicação da UFRJ (da educação infantil ao ensino médio), nem entre os internos da Medicina e os estagiários de términos de cursos. “Isso mostra que se as medidas não farmacológicas e a vacinação permitem a volta com segurança.”
A UFCSPA também não parou durante toda a pandemia, inclusive por ser uma universidade da área da saúde. A vacinação e os equipamentos de proteção individual resguardaram os estudantes e profissionais. “Não tivemos surtos, nem nos picos de transmissão das variantes”, garantiu Lucia Pellanda.
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ORÇAMENTO – A reitora Márcia Abrahão ressaltou a escassez orçamentária que, neste ano, mais uma vez assola as instituições de ensino superior, além de situações diferentes entre as universidades brasileiras e as condições físicas preexistentes. "Não é o caso da UnB, mas sabemos que muitas universidades não podem dar apoio aos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, exemplificou. “Não fizemos todas as reformas ideais para ter uma ventilação maior em nossos espaços. Não recebemos nem um centavo de investimento do governo federal no ano passado."
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De acordo com a reitora Denise Carvalho, a UFRJ também não recebeu recursos para investimento e há prédios tombados, problemas graves de infraestrutura, vazamentos e banheiros que não funcionam. “Não temos verba sequer para ampliar os contratos de limpeza. Estamos fazendo as manutenções dentro do que o orçamento permite”, disse. “No lugar de ter 20% de corte, em 2021, deveríamos ter tido 20% de aumento pra retornar pós-pandemia em condições melhores daquelas que tínhamos antes.” Ela descreve que o ambiente ideal seria com a possibilidade de ministrar aulas híbridas, com internet de qualidade, câmeras e equipamentos de som.
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“As universidades respondem aos anseios da sociedade. Imediatamente nos transformamos em fábricas de álcool em gel, em fábricas de equipamentos de proteção, fizemos mais de 3 mil projetos de pesquisa em covid, sequenciamos o vírus mais rapidamente. Enfim, tudo isso mostra a qualidade da ciência brasileira. Mas acho que chegamos no limite do que podemos entregar em função desses sucessivos cortes no orçamento”, lamentou Lucia Pellanda. A UFCSPA já teve R$ 20 milhões para investimento e agora tem pouco mais de R$ 1 milhão. “Precisamos que a sociedade nos ajude a sair do teto de gastos.”
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Assista a live: